Bolsa rota é sempre igual a cesarea ou indução de parto?
Nem sempre.
Para efeitos didáticos e de maturação fetal a gravidez viável é dividida de 24 a 32 semanas, de 32 a 34/36 semanas e a partir de 36 semanas. (Separação para fins explicativos, a depender da região do país e condições de UTI neonatal).
Quando a bolsa rompe, espontaneamente, a conduta inicial é avaliar o bem-estar fetal e materno e relacioná-los à idade da gravidez.
Equação difícil, mas em linhas gerais a proposta sempre é permitir que o feto amadureça um pouco mais antes do parto propriamente dito.
De 24 a 32 semanas, além dos pulmões, o cérebro também ainda é muito imaturo, os eixos neuronais de controle dos batimentos cardíacos e respiratórios, controle dos intestinos e hormônios ainda não estão bem formados. Logo, quando a bolsa rompe fazemos avaliação do feto através de ultrassonografias seriadas e avaliação do batimento cardíaco fetal por cardiotocografia e ausculta durante o dia. Avaliamos possibilidade de infecção através de exames de sangue e urina materno. Estando tudo normal, prosseguimos a gravidez em uso de antibióticos para evitar infecção, corticóide para amadurecimento do pulmão e intestino fetal e se entrar em trabalho de parto usamos um medicamento (sulfato de magnésio) para estabilizar os neurônios fetais e preservar seu cérebro dos danos da prematuridade. Ao se chegar às 34/36semanas, entendendo que o risco de infecção pode ser superior ao benefício do amadurecimento é discutido com o casal e o serviço pela resolução da gravidez.
De 32 a 34/36 semanas, a conduta de aguardar é semelhante (antibiótico e corticoide até 34 semanas) menos o sulfato de magnésio pois nesse período as membranas neuronais fetais estão mais desenvolvidas e ” aptas” a nascer.
Acima de 36 semanas, seguimos protocolo próprio de bolsa rota no termo. (Próximo post).
Então, bolsa rota nem sempre é parto imediato! O parto acontecerá se a mulher espontaneamente entrar em trabalho de parto ou se houverem sinais de sofrimento fetal ou infecção materno fetal.
E a via de parto?
Vai depender do peso e condição fetal e condição materna.
Se houver infecção, chamada #corioaminionite a via de parto preferencial é normal/vaginal para evitar a “generalização ” da infecção para abdome materno e piora do quadro.
Tudo deve ser discutido caso a caso com sua equipe.
Não tenha pressa! Devemos respeitar o melhor momento para o nascimento do feto prematuro! Sempre ponderar se os efeitos da prematuridade são maiores ou menores que o benefício da espera.